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A história da humanidade é permeada por ações de cuidar. O cuidado sempre existiu como prioritário à manutenção da vida humana, do nascimento a morte. Porém, no século XIX, tal prática revelou-se mais que uma necessidade. Neste contexto, emerge na Inglaterra vitoriana a grande personagem que transformou o cuidado em um campo de conhecimento singular, com métodos e técnicas específicas, diferentes das anteriormente executadas.
Oriunda da nobreza inglesa, Florence Nightingale (1810-1920) impulsionou a arte de cuidar para o campo das profissões, qualificando o cuidado prestado a feridos e doentes, hospitalizados ou não. Mesmo vivendo de forma aristocrática e refinada, Florence Nightingale era uma mulher de atitudes simples, que valorizava a vida humana sem distinção. Cosmopolita, era avançada para o seu tempo, abdicou do matrimonio para se dedicar ao que lhe era mais peculiar: cuidar da vida de pessoas necessitadas e enfermas.
Em 1853, Inglaterra, França e Turquia entraram em guerra contra a Rússia, um evento que se tornou historicamente conhecido como Guerra da Criméia, e que marcou definitivamente a vida de Florence Nightingale, bem como os rumos da enfermagem moderna. Devido às suas iniciativas e conhecedora dos episódios trágicos que levavam à morte muitos ingleses, "escreveu ao ministro da Guerra, Sidney Herbert, seu amigo pessoal, e ofereceu seus serviços", o que foi aceito de imediato.
Chegando à base militar de Scutari, na Turquia, juntamente com um grupo de mulheres recrutadas para atender feridos de guerra, Florence Nightingale encontrou um hospital improvisado, cujas instalações eram as piores possíveis para receber milhares de feridos que chegavam da Criméia. Prontamente, disseminou o que considerava básico para as necessidades humanas dos que se encontravam nessa base de Scutari, como alimentação, higiene pessoal e do espaço físico tornando-o arejado e salubre, reduzindo o índice de mortalidade que era de 40% para 2%.
Florence Nightingale, Gravura colorida inglesa, 1855.
Durante a noite, Florence Nightingale visitava os feridos levando uma lanterna de campanha para iluminar seus passos nos longos corredores e os próprios soldados a quem prestava cuidados necessários. O efeito da luz, além de possibilitar a atenta observação, aplacava a dor e solidão dos feridos, animando-os na luta contínua pela vida. Por essas rondas noturnas, Florence ficou conhecida como a Dama da Lâmpada. Vencida a guerra, em 1856, Florence Nightingale retornou com suas assistentes para a Inglaterra.
Assim, a lâmpada tornou-se o símbolo da Enfermagem no mundo e sua representação foi estilizada, assumindo a forma de uma lamparina grega, tipo lâmpada de Aladim. Muitas escolas de enfermagem procuram manter vivo esse ritual e em todos os momentos importantes, tais como abertura e encerramento de eventos, formaturas, colação de grau, a lâmpada é solenemente acendida no inicio do evento, no primeiro dia e apagada no último dia, no momento do encerramento, em que o presidente da mesa anuncia esse ato e abre espaço para que a lâmpada seja apagada. Outras escolas mantêm uma cerimônia chamada "passagem da lâmpada", na formatura, em que uma graduanda representando os formandos, entrega a lâmpada acesa para uma aluna ingressante, do primeiro ano, recomendando que ela ajude a manter sempre acesa aquela chama do ideal. Tais simbolismos acompanham ritualisticamente os momentos marcantes de escola de enfermagem, e eternizam a profissionalização da assistência de enfermagem como uma das mais nobres profissões da vida moderna.
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